O Coletivo Feminista chama a tod@s para assistirmos juntos e conversarmos sobre dois curtas.



Dia 02/03/2011 – Quarta-feira às 18h / Local: Auditório II – IFCH

Acorda, Raimundo... Acorda!(1990, 16 min) - Um curta-metragem que nos fornece estímulos a reflexões sobre a tradicional construção da masculinidade. E se as mulheres saíssem para o trabalho enquanto os homens cuidassem dos afazeres domésticos? Essa é a história de Marta e Raimundo, uma família operária, seus conflitos familiares e o machismo, vividos num mundo onde tudo acontece ao contrário.


Páginas de Menina (2007, 15 min)
- Uma história de amor: pelos livros, pela literatura, pelo cinema, pela vontade de ir além das coisas superficiais e o desafio de encarar o não-convencional. É a história sobre dar vazão aos sonhos de menina, e dar atenção àqueles desejos que a idade deixou de permitir.

Apresentação do COLETIVO FEMINISTA
O Coletivo Feminista surgiu no final do ano de 2003, através da iniciativa de alunas, que perceberam a falta de espaço e debate sobre a situação das mulheres na Universidade e na sociedade brasileira. O grupo tem por objetivo discutir e lutar pelo direito das mulheres, sob uma perspectiva feminista. Para nós, a luta feminista é a luta política que busca desnaturalizar e superar as relações desiguais e hierárquicas existentes na nossa sociedade, embora não sejamos fechadas em uma ou outra concepção de feminismo. É uma organização autônoma de mulheres e acredita que, apesar das conquistas e transformações alcançadas ao longo da história, a luta feminista continua não só importante como imprescindível.
Nestes quase oito anos de atuação na Unicamp, nosso grupo tornou-se referência não só na Universidade como na cidade de Campinas, por ser um dos poucos grupos de caráter feminista da região. Organizou oficinas sobre padrões e papéis sexuais; corpo e a influência da mídia; intervenções artísticas, cujo intuito foi o de evidenciar o machismo camuflado no discurso moderno de direitos e liberdades iguais.
O grupo é composto por mulheres, o que não anula a participação de homens em atividades abertas, parcerias nas lutas, entre outros, na busca pelo fim das relações desiguais e não uma simples inversão do modelo existente. Num contexto de acesso desigual aos mecanismos de poder consideramos necessário um espaço específico para que as mulheres discutam sobre si mesmas e sobre suas relações sociais.
Realizamos encontros semanais abertos à todas as mulheres, estão todas convidadas para a nossa primeira reunião, no dia 17 março, quinta-feira, às 18 horas no Teatro de Arena.

CALOURADA

Todos os anos, com a chegada dos calouros, o mesmo ritual se repete: trotes, chopadas, festas, etc. O que inicialmente apresenta-se como uma mera brincadeira, um rito de passagem sem maiores conseqüências, mostra-se, muitas vezes, cruel e marcado por machismo, homofobia e as mais diversas formas de preconceitos. Trotes e festas tornam-se palco de práticas humilhantes e vexatórias e, muitas vezes, com claro teor discriminatório. O sexismo escancara-se nesses momentos com todo o seu vigor. Se, em alguns institutos (como da área de humanas), constrange-se muitos desses comportamentos, em nome de uma artificial postura "politicamente correta", nos trotes e festas, esses comportamentos reprimidos durante todo o ano explicitam-se, caem as máscaras. A objetificação das mulheres, reduzidas a meros corpos, 'carne fresca' cuja única função é satisfazer os apetites da rapaziada, as brincadeiras com apelo sexual sem consentimento das envolvidas, os trotes diferenciados para homens e mulheres, tudo isso revela os valores sexistas, que, muitas vezes, não se apresentam tão desnudos no dia-a-dia.

Numa sociedade impregnada de machismo , que confirma práticas e papéis para homens e mulheres e se baseia numa relação assimétrica entre esses, o quadro não poderia ser muito diferentes. Se o corpo feminino não é nada mais que um objeto para a satisfação masculina, o seu uso em trotes é não só previsível como normal. Se os desejos femininos são considerados duvidosos ("Quando uma mulher diz não é porque diz sim", sustentam alguns), a desconsideração destes passa a ser uma prática aceitável.
Não podemos compactuar de forma alguma com essas práticas. Estas contribuem para reproduzir os valores machistas da sociedade em que vivemos. Caloura, você não é obrigada a aceitar esse tipo de comportamento. É preciso combater o machismo e todas as suas manifestações. Os trotes não são a causa, evidentemente, mas são uma manifestação desse estado de coisas, dessa lógica patriarcal e machista que vivemos. Você não pode ser obrigada a fazer nada que não queira (o mesmo serve também para os calouros).
Lembremos do lema feminista “Nosso corpo nos pertence”. Numa sociedade que impõe um padrão de beleza, que controle o corpo feminino das mais diferentes formas, que o poder médico detém informações e ainda nos vê como local de reprodução, que tem um Estado que acha que pode determinar se queremos ou não ter um filho (proibição do aborto) não surpreende que muitos homens achem que podem fazer o que bem quiserem com os nossos corpos. Mas não podemos permitir que essa lógica se perpetue.

MUROS E TABUS NO NOSSO CAMINHO

Pare. Olhe ao seu redor. Perceba, mais um muro está sendo levantado entre nós na Unicamp, grande parte deles invisíveis, entram no nosso dia-a-dia sem que percebamos. Olhe mais uma vez ao seu redor.
Quantas pessoas você cumprimentou? Com quantas pessoas de outros cursos você conversou hoje? Pois bem, esse é mais um dos muros, nos mantermos nos nossos cursos, concentrados no nosso futuro, produtividade, CR, e quando olhamos para o lado não sabemos nem o nome daquela funcionária que nos ajudou a desvendar as siglas e os códigos de nossos catálogos de curso.
Quando menos esperamos, já estamos seguindo as regras que nos colocaram sem ao menos questioná-las. É assim que a Unicamp tem cumprido sua função como instituição de ensino, pesquisa e extensão. Primeiro vieram as cercas, a Unicamp, já afastada da comunidade de Campinas, se torna quase que um ensino privado e privando cada vez mais o seu acesso, que deveria ser livre, como qualquer outro espaço público. O que deveria ser de livre circulação, agora, com mais um muro, restringe o acesso d@s própri@s alun@s ao campus, mesclando às cercas, o discurso da violência urbana, e assim vamos nos sentindo acuados, sem reação, com câmeras nos vigiando e com o C.U.(cartão universitário) na mão, garantindo a nós, o privilégio de vivenciar a Universidade das 7hs às 23hs. Sim, agora temos hora marcada para pensar e circular no campus, daqui a pouco teremos que marcar hora para sorrir e respirar.
Esses são apenas alguns aspectos dos muros e dos tabus que nos empurram goela abaixo diariamente, mas que tem como cerne a lógica de padronização, ou seja, nós alunos, entramos na Universidade com um único objetivo para a instituição – mantermos o padrão Unicamp. Para isso, desde nossos primeiros passos no campus somos bombardeados de informações que nos acalentam e nos dão a sensação de cuidado – e a Universidade abre seus braços, nos recebe e nos trata como eternamente jovens, encarnando um papel paternal, cuja sabedoria não pode ser questionada, e nós, nunca alcançarmos a maioridade legal. E assim, mais regras nos são empurradas, os espaços de sociabilidade diminuídos e nós estudantes, mais uma vez limitados às “sabedorias” dos que dirigem a Universidade, culminando na ausência e cercamento das nossas liberdades: de pensamento, de manifestação e de sociabilidade.
Não nos posicionarmos coletivamente diante desse cerceamento brutal é concordar com ele, você concorda?


Coletivo Feminista
http://coletivofeminista.blogspot.com/

Um comentário:

Dani Braga disse...

Olá

Sou jornalista e estou fazendo uma matéria sobre arte feminista. Gostaria de conversar com alguém do blog.

alguma das donas do blog pode entrar em contato comigo, pois enviei e-mail e não tive resposta?
meu e-mail é : gensdani@yahoo.com.br


obrigada

Daniela