Aborto, rompendo o silêncio

Rompendo o silêncio

“Menstruação atrasa. Teste da farmácia dá positivo. Putaqueopariu, não dá pra confiar em camisinha. Por que diabos eu fui parar de tomar a merda da pílula? Nessa hora eu não pensei na vida que daria pra criança, pensei na minha. Na faculdade e no curso técnico por terminar, no estágio, em tudo o que eu ainda queria fazer, nos projetos de sair da casa dos meus pais, de passar uns anos trabalhando fora, de juntar uma grana e me perder no mundo sem dar sinal de vida pra ninguém, de ter casa própria...
Depois pensei na minha mãe, na decepção que ela teria, nos sonhos todos que meu pai coruja tinha feito para a única filha dele, no que eu diria, e se diria, pro ex (sim, porque Murphy rege a minha vida e o namorico de pouco mais de um mês tinha recém terminado). Pensei em pedir abrigo pra pseudo-tia que mora em outro estado, ter a criança e entregá-la a uma instituição, mas mamãe trabalhava com serviço social e eu já conhecia histórias escabrosas suficientes sobre esses lugares. Pensei em virar mãe e entrei em pânico só de pensar na possibilidade de acabar odiando a criança e culpando-a por todas as minhas frustrações. Pensei que naquela altura eu era o orgulho da família, a neta exemplar que trabalhava sem parar e nunca tinha tirado uma nota baixa na vida, e na cara com que iria olhar para o clã no almoço de domingo. Pensei na minha mísera fonte de renda e na mesada que ainda recebia, nos anos de economia de papai para que pudesse se aposentar e morar na praia e se teria coragem de pedir que abrisse mão deles.
Pensei em aborto. Em tomar remédio pra úlcera e provocar hemorragia. Pra garantir, também pensei em agulha de tricô vagina adentro. Foda-se o que acontece depois, o importante é que sai. Pensei em procurar uma clínica, mas como é que eu encontraria algo do tipo se não podia contar pra ninguém? Sim, porque eu estava planejando um crime, não podia comprometer as pessoas em quem confiava obrigando-as a serem cúmplices. Isso fora a consciência me chamando de assassina.
Passei noites sem dormir e quando finalmente conseguia pregar os olhos tinha pesadelos com choro de criança. Eu não podia ter um filho. Não daquele jeito. Eu sonhava, e ainda sonho, em casar e ter filhos. E se desse tudo errado e eu ficasse estéril? E se meus pais tivessem que assistir ao enterro da própria filha depois de um médico desconhecido dizer que ela sofreu complicações decorrentes de um aborto mal feito?”
***
Essa é uma história real, tão real que é fácil da gente se identificar. A Luiza, quem escreveu esse depoimento, passou por esta situação quando tinha 25 anos; apreensiva em conversar sobre o assunto até com seu analista, usou seu blog pessoal para extravasar a angústia de estar numa situação desesperadora, mas bem comum. Mas toda esta angústia pela qual Luiza passou poderia ser evitada; talvez se ela soubesse que as pessoas ao seu redor não a julgariam por sua decisão, talvez se ela tivesse mais informações sobre como há formas seguras de realizar o auto-aborto, talvez se a sociedade não exercesse tanta pressão sobre ela, de modo que ela não achasse estar planejando um crime e não se sentisse uma assassina por estar, simplesmente, decidindo sobre o seu próprio corpo. E, principalmente, se o aborto, assegurado pelo Estado, como forma de viabilizar a opção de uma mulher de não ter um filho naquele momento, ou em qualquer outro, fosse explicitamente e efetivamente uma questão de saúde pública, e não alvo dos moralismos da Igreja ou dos interesses econômicos dos planos de saúde privados que pressionam os congressistas. A luta pelo direito de decidir, pela descriminalização e legalização do aborto no Brasil é urgente, mas, simultaneamente a ela, milhares de mulheres passam por situações como a de Luiza – por isso é imprescindível que paralela à luta pela legalização do aborto, lutemos para que este não seja mais um assunto tabu, e muito menos motivo de culpa, vergonha e julgamentos sociais.
Pois não só a Luiza, mas muitas outras mulheres usam o espaço da web para dar vazão a um grito contido, vindo de uma gravidez indesejada, do pânico de perceber a impossibilidade (financeira, emocional, estrutural...) de colocar um filho no mundo e principalmente, do medo de ser apontada e descriminada.
Em uma página do Portal Terra (mulher.terra.com.br), há depoimentos de mulheres que abortaram. Ana* (29 anos) abortou duas vezes, aos 18 e aos 23; ela conta que descobriu que estava grávida de um cara da escola com quem tinha ficado e o procurou para conversar sobre o assunto, mas o garoto deu as costas. “Procurei uma clínica e fiz um aborto sem avisar ninguém. Como sempre trabalhei, dinheiro não foi problema. Fui e voltei sozinha da clínica e me sentia muito mal, culpada e suja. (...) Sei que não tinha condições de criar o bebê e não me arrependo”.
Carla*, de 24 anos, conta que abortou quando tinha 22 anos – ela estava morando na Inglaterra e engravidou de seu namorado, com quem também morava: “Procurei um hospital e abortei, já que o aborto é legalizado por lá. Senti muita dor, chorei e me culpei pela situação de engravidar longe da minha família, estando ilegal em um país e de uma pessoa que me batia e estava muito distante de ser o que eu planejei para mim. Carrego a dor todos os dias comigo e nossa relação chegou ao fim um ano depois do aborto. Ele dizia que eu era culpada pela situação.”
Estes são dois exemplos bastante expressivos do drama que delineia a questão do aborto e de como a dor social e psicológica pode ser muito mais forte e traumática do que os desconfortos de seu processo clínico. Ambos os depoimentos mostram experiências de mulheres que se viram desamparadas mediante uma situação que, no entanto, não criaram sozinhas. Este desamparo não vem somente dos outros responsáveis pela gravidez, os homens com quem se relacionavam, mas também de preconceitos e machismos que se expressam há muito tempo e de diversas formas nas nossas sociabilidades, tanto privadas, quanto públicas. Abrigando o motivo de suas preocupações em seus ventres, Ana* e Carla* não tiveram, como optaram os seus namorados, a escolha de “tirar o corpo fora”, já que era nos seus próprios corpos que se alojava o problema.
Como sabemos, as expectativas e cobranças em torno das mulheres, assim como as exigências de que elas correspondam a modelos tradicionais de feminilidade, aos quais a maternidade está compulsoriamente associada, infelizmente, não emanam somente de homens machistas, mas de toda a sociedade. Por isso é que viram no aborto uma forma de contornar a impossibilidade de arcar com a grande responsabilidade que é colocar uma criança no mundo. E pela mesma razão é que, mesmo após terem solucionado o motivo de suas preocupações ao interromperem a gravidez indesejada, Ana* e Carla* passaram a sofrer com seus próprios julgamentos, advindos não de seus atos em si, mas da marginalização e descriminação que a sociedade as fez sentir, ao condenar cegamente o aborto e o desejo legítimo de não serem mães naquele momento de suas vidas, ou mesmo em qualquer momento posterior.
Como forma de extravasar este sentimento, usaram o espaço virtual. A Internet se coloca hoje em nossas vidas como um espaço plural, onde podemos expressar, construir e desconstruir idéias, assim como ter acesso a todo e qualquer tipo de informação ao alcance da mente humana. Mas, por outro lado, ela tem, para muitos, o anonimato como uma de suas grandes vantagens. Também no caso de depoimentos sobre a questão do aborto, o uso da Internet carrega essa dubiedade. Luiza, Ana* e Carla* viram no mundo virtual um espaço para compartilharem suas angústias, mas não podemos deixar de problematizar o fato de que o uso da Internet se deu justamente em função de permitir essa expressividade velada.
A questão do aborto e a forma como ela é tratada juridicamente no Brasil coloca em risco a saúde da mulher, tanto fisiológica, quanto psicologicamente, já que sua criminalização dá margem para que mulheres todos os dias cometam abortos inseguros e de forma clandestina, dando também ao fato um peso de culpa. Um Estado que se propõe prezar pela igualdade de gênero entre suas cidadãs e seus cidadãos não deveria defender uma lei que faz com que as mulheres arrisquem sua saúde – a cada 6 minutos morre no mundo uma mulher, devido a métodos abortivos inseguros (www.womenonwaves.org) – e se sintam culpadas por optarem por não terem um filho enquanto os homens têm toda a liberdade para fazer o mesmo. As situações narradas mostradas aqui nos confirmam a necessidade de colocarmos o aborto em debate não só como meio de viabilizar a sua prática, pois sabemos que muitas mulheres abortam ilegalmente, mas principalmente como forma de garantir que 1) o aborto não seja crime 2) que ele seja assegurado a toda a população, e seja realizado em condições seguras e confortáveis 3) que as mulheres que o realizarem tenham todo o tipo de assistência social e apoio psicológico necessários e 4) não menos importante, que a legalização do aborto opere como forma eficaz de promover uma reformulação das relações de gênero desiguais, revelando verdades e desconstruindo preconceitos.
* * *
A questão do aborto, ao ser colocada em debate atualmente, tem sido cada vez mais publicizada, o que se coloca como um avanço em termos de evitar estes seus “efeitos colaterais”, ao mesmo tempo em que lutamos por sua descriminalização e legalização. São trabalhos paralelos e que se alimentam mutuamente. No site da Ipas Brasil (www.ipas.org.br), uma organização não-governamental comprometida há três décadas com a proteção da saúde das mulheres através da promoção de seus direitos reprodutivos, há o depoimento de uma mulher (38 anos), mãe de dois filhos, que foi violentada quando se dirigia ao trabalho de manhã cedo. Diferentemente das outras garotas dos casos contados anteriormente, a protagonista desta história, na época, contou à revista Veja (13/dez/1995) sobre a sua experiência. Diz ela que:
“Gravidez é vida e aquilo era a morte. Eu olhava para mim e me via suja, tomava muito banho, mas sempre saia com os olhos vermelhos por que aproveitava para chorar. Lembro que contei os minutos para que chegasse o dia seguinte (quando iria à Delegacia da Mulher). Eu sentia aquela coisa crescendo dentro de mim, como se fosse uma bola de neve. ‘Meu Deus, eu pensava, essa coisa está violentando o meu corpo, esta me matando’. Informaram que eu devia ir ao Hospital de Jabaquara e contar a minha história para a assistente social de lá. Fui no mesmo dia, já com a malinha de roupas e escova de dentes, achando que podiam resolver tudo na mesma hora.”
Ela recebeu a assistência devida e a tempo, tendo sido tratada com aspiração elétrica, interrompendo uma gravidez que ela nunca reconhecera. Nunca se arrependeu e disse ainda:
“Ouvi essa expressão (assassina) numa entrevista. Diziam que o aborto era tirar uma vida. Mesmo que alguém venha me falar algo um dia, vou estar sempre de queixo erguido. O ato de doar é uma coisa do bem. Como eu poderia dar para alguém uma coisa violenta, nascida do mal?”
Através destes depoimentos, podemos ver como o aborto é um fato muito mais real e próximo do que podemos imaginar. Através da luta pela sua descriminalização e legalização, não dizemos de forma alguma que mulheres não devem ter filhos, mas sim trabalhamos para que, independente da circunstância ou da decisão, mulheres não se considerem assassinas por não se sentirem prontas para serem mães – algumas nunca estarão, e isso não é crime. A própria Luiza, do comecinho desta conversa, depois de toda angústia pela qual passou, conta que “Alguns dias depois o raciocínio lógico consegui se sobrepor ao conflito entre culpa e desespero e fiz exame de sangue. Negativo”. Ela nunca teve que abortar, mais viu a necessidade de mostrar como sofreu neste processo de decisão, pois para ela, a descriminalização faz diferença: “a diferença de poder dividir a angústia, de ter apoio psicológico, de poder conversar sobre isso e tomar atitudes mais conscientes. Diferença de entrar num hospital, submeter-se a um procedimento acompanhada por uma equipe de confiança e ter a quem recorrer caso algo saia errado. Crime ou não, mulheres desesperadas continuarão fazendo abortos. Que pelo menos sobrevivam a eles, e com a menor quantidade de seqüelas possível.”
* * *
Tudo isso nos leva à uma reflexão importante: será mesmo necessário impor a tantas mulheres estes medos e pressões, quando o aborto pode ser realizado de forma simples e segura? Além do mais, por que nunca questionamos os impactos ao corpo da mulher das formas contraceptivas tradicionais, como a ingestão contínua dos hormônios contidos nos anticoncepcionais? O Misoprostol – que começou a ser vendido nas farmácias da América Latina desde o final da década de 1980 com o nome comercial de Cytotec®, como tratamento da úlcera péptica – por exemplo, é um método abortivo explicitamente divulgado em um manual de autoria de “profissionais idôneos, consagrados no trabalho cotidiano da medicina, que dedicam horas ao estudo, reflexão e análises. Eles têm realizado o esforço de sintetizar sua experiência profissional e sua aprendizagem para facilitar a outros colegas as chaves para uma boa prática clínica.” (Manual da FLASOG sobre o uso de Misoprostol em Obstetrícia e Ginecologia”, que pode ser encontrado no site da Cemicamp - Centro de Pesquisas Materno-Infantis de Campinas - www.cemicamp.org.br).
O uso do Misoprostol como método abortivo seguro (até a nona semana de gravidez!) também é recomendado no site da Women on Waves (www.womenonwaves.org), uma organização não lucrativa holandesa preocupada com os direitos humanos das mulheres. “As Women on Waves criaram uma clínica móvel a bordo de um barco que navegam até aos países onde o aborto é ilegal. Esta ação é sempre realizada a convite e em parceria com organizações locais de mulheres. Os serviços no barco são gratuitos e realizados por médicas experientes que administram pílulas abortivas em condições de segurança e de uma forma legal. As Women on Waves têm como objetivo prevenir abortos clandestinos em más condições e motivar todas as mulheres a exercerem os seus direitos humanos à autonomia física e psicológica e a exigirem serviços de saúde e de educação sexual.” Paralela a esta ação, a Women on Waves tem em seu site uma página dedicada à publicização do aborto como forma de quebrar este tabu. Esta página mostra como todas as mulheres podem ajudar nesta luta, mostrando seus rostos e contando suas histórias para combater a idéia de que o aborto é um fardo a ser carregado por toda a vida.
Ajude você também a tirar este peso das escolhas de todas as mulheres, dando apoio moral e psicológico a amigas, familiares e colegas que se descobrem grávidas, mas não podem ou não querem ter um filho. Tente se colocar no lugar da outra, pois todas nós estamos suscetíveis a um acidente. O aborto não precisa ser um drama; ele pode ser simples e seguro e, respaldado pelo Estado, será uma grande conquista em termos das liberdades das mulheres. Torne este um assunto de discussão racional, cotidiana e comprometida com os direitos que todas as mulheres têm aos seus corpos rompendo este silêncio!

7 comentários:

tyussa disse...
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Anônimo disse...

Eu me identifico totalmente com esse texto. Concordo que pelo lado humano o aborto é uma coisa horrível. Mas não será pior ter um filho sem a própria vontade e não dar o amor e atenção que ele merece? Namorei por 2 anos. Com 1 ano e meio de namoro fiquei grávida. Estranhei pois a menstruação não veio e sempre tive meu ciclo muito correto. Tomei chá de canela pra ver se a menstruação vinha e nada. Fui à uma médica e disse que suspeitava de gravidez, tanto pela menstruação quanto pela dor e o inchaço exagerado dos seios. Ela por sinal, me passou um ultrassom. Fui fazer o exame. Deitei para fazer o ultrassom sem olhar na tela. Quando o médico me perguntou: "Há chances de você estar grávida?", eu disse que sim e logo veio a resposta mas temida da minha vida: "Porque você está". Olhei na tela e vi aquele saco amniótico tão pequeno. Não acreditei que aquilo estava acontecendo comigo. Uma menina-mulher nos seus quase 19 anos, no sefundo ano de faculdade, com cursos e planos totalmente traçados para o futuro. Tive a reação mais inesperada da minha vida: dei gargalhadas. Liguei para meu namorado que achava que eu estava inventando história eu acho. Um dia, logo no começo de namordo conversamos sobre aborto. Eu sempre fui a favor (não sei por que, mas parecia que eu estava adivinhando) e ele sempre contra; disse aliás que se um dia eu fizesse isso, ele nunca mais olharia na minha cara.
Eu estava sem saber o que fazer. Uma vergonha e um desespero singular que creio eu nunca sentirei novamente na vida. Quando ele chegou na minha casa pra gente conversar sobre o assunto, ele pagou a língua. Disse que com certeza teria filhos comigo, mas que éramos muito jovens pra assumir tal responsabilidade. Se levantou e logo veio pra internet pra procurar métodos abortivos. Confesso que eu não sabia o que fazer, mesmo sendo a favor do aborto, e logo ele que abominava tal atitude foi o primeiro a tirar o corpo fora. Tive que contar para a minha mãe. Mas parecia que ela já sabia. Ela toda calma, sabia exatamente o que estava acontecendo. EU NÃO PODERIA TER UM FILHO COM 18 ANOS. MEU PAI NUNCA ENTEDERIA, TALVEZ ATÉ DEIXASSE DE SER MEU PAI. Nunca me dei bem com ele e seu maior prazer até hoje é apontar só os meus defeitos. Nos reunimos nós 3: eu, minha mãe e meu namorado para tomarmos a decisão. Horrível. Acho que não assimilei direito o que estava acontecendo. Tinha uma médica conhecida e ela me deu mais ou menos as instruções do que fazer e disse que se algo desse errado era para comunicá-la rapidamente. Meu ex-namorado arcou com as despesas e lá fui eu tomar o remédio bem no dia do meu aniversário de 19 anos. Não estávamos lá muito bem, mas mesmo assim ele se comprometeu a estar do meu lado. Mentira. Não veio nem sequer me ver, nem ligou pra saber como eu estava. Quem ficou a noite inteira segurando minha mão e eu com uma dor fortíssima foi logo minha mãe; pessoa que não tinha nada a ver com isso. No dia seguinte, ligou para perguntar se eu estava bem e ganhou o Oscar pelo papel de pessoa mais irônica. No dia seguinte, veio me ver e chorou feito criança, e que estava certo que seria menina. Chorei muito também mesmo sem não ter muita noção do que estava acontecendo. Parece que você está num pesadelo e TEM que acordar. No fim do dia o saco amniótico foi expelido.
Não tive complicações fisiológicas mas o peso na consciência será para sempre. Porém, não me arrependo. Namoramos ainda alguns meses depois mas toda a confiança e respeito que tínhamos um pelo outro tinha se acabado. Eu surpresa com a falta de sensibilidade dele. Que ainda por cima depois de tudo me deu a entender que EU ERA UM MONSTRO!
Como se eu tivesse feito tudo sozinha. Certo dia quando perguntei por que ele achava isso, sendo que ele era cúmplice me respondeu cinicamente que por mais que ele tivesse arcado com o medicamento não achava que eu era capaz de tamanha crueldade.
Acho que as mulheres devem ter direito à escolha: se querem ou não serem mães.
Mas tem gente que prefere ter um filho mesmo sabendo que depois ele será obrigado a pedir trocados e esmolas nos faróis e muitas vezes por não terem condição entrarem para o mundo do crime.
É claro que um erro não justifica o outro, mas uma mulher que faz um aborto é tão criminosa quanto o homem que concordou ou participou do mesmo mesmo que indiretamente é claro. Culpar a mulher de tudo é muito fácil.
Difícil é passar por uma situação sempre achamos que vai acontecer só com terceiros. Com legalização ou sem, abortos continuação acontecendo. E já que é um tipo de coisa que não vai parar, por que não legalizar? Afinal o que é certo ou errado? Depende de quem emxerga, mas cabe às pessoas pelo menos respeitar.
Lembrando também que era pra eu ter sido abortada também. Uma postura que meus avós tiveram e olha que eram pessoas que nasceram na década de 20 e 30.

Anônimo disse...

Sobre o comentário da Garota de 19 anos da data de 10 de março de 2009

Sou a favor da legalização do aborto até as 8 semanas de gestação. Acho que após 2 meses o a ato já é cruel demais. Mesmo assim ainda sou a favor de ter o direito a conversar com um profissional, e ver se o caso é realmente pq não quer ou pq pode.

Não tenho absolutamente nada contra o aborto, mas tenho TUDO contra esse tipo de comentário

(" Mas tem gente que prefere ter um filho mesmo sabendo que depois ele será obrigado a pedir trocados e esmolas nos faróis e muitas vezes por não terem condição entrarem para o mundo do crime.")

Isso sim eu sou contra. Existem MILHARES de pessoas dispostas a arcar com todas as despesas médicas até o nascimento. Dizer que teve um filho e ele pede esmola na rua, é o mesmo que dizer que abortou pq usou o remédio abortivo como método contraceptivo.

Isso sim eu condeno e acho um absurdo.

Trabalho todos os dias com situações de aborto e de adoção, e acho que tudo tem um limite, conheço mulheres que chegaram a abortar 2 ou 3 vezes, errar 3 vezes e dizer que faz parte do 1% dos métodos contraceptivos é hipocrisia demais.

Se alguém aqui tiver usado contraceptivo 3 vezes ou 2, e não funcionou, literalmente não sei o que vc está fazendo parada ai, qualquer jornal, revista, noticiário paga por vc ser o cúmulo do azar do maldito 1% de métodos contraceptivos.

Seja no mínimo mulher suficiente pra dizer que errou sim, que não tomou precaução e que agora está grávida e não pode ou não quer ter um filho agora. Basta pra que eu seja a favor desse aborto, e inclusive ajude a realizalo. Mais errar uma vez, tudo bem... Errar duas vezes no mesmo erro... é burrice. Ai seja mulher o suficiente para dar o bebê a adoção. Dizer que não tem condiçoes de criar e manter um filho a seu lado é novamente só pensar e si própria.

Sou a favor da legalização do aborto até 8 semanas, mesmo assim, temo o julgamento do único Juíz, aquele a muitos chamam de Deus, Buda, ou como queiram.

Não de sorte pro azar. E se a menstruação atrasou corra pro laboratório! Pq uma semana de gestação é MUITO tempo. Seja rápida, e o peso na consciência tb será menor.. proporcional as semanas de gestação.

Vejo isso todos os dias.

Ps: Não tenho conta no google terei que postar como Anônima,
A quem deseje saber quem sou, meu nome é Luciana meu contato é linharesluciana @ hotmail.com

Paz a todos!

Beijos, Luciana

Anônimo disse...

Oi Pessoal ! Em Abril eu fiz esse comentário aqui abaixo, deixei clara minhas idéia minhas opiniões, mas sei pois é realidade, que 1 em cada 7 mulheres fazem um aborto, independente do motivo, levam muito tempo pra encontrar uma clínica segura, voltei aqui, pra dizer que embora tenha minhas opiniões, tento não julgar aos outros, e se alguém precisar de uma clínica de aborto, eu tenho o contato. Acho que isso eu não deixei tão claro. Por então ...
se decidiu por isso, posso tentar ajudar, meu nome é Luciana e meu e-mail é linharesluciana@hotmail.com


Anônimo disse...
Sobre o comentário da Garota de 19 anos da data de 10 de março de 2009

Sou a favor da legalização do aborto até as 8 semanas de gestação. Acho que após 2 meses o a ato já é cruel demais. Mesmo assim ainda sou a favor de ter o direito a conversar com um profissional, e ver se o caso é realmente pq não quer ou pq pode.

Não tenho absolutamente nada contra o aborto, mas tenho TUDO contra esse tipo de comentário

(" Mas tem gente que prefere ter um filho mesmo sabendo que depois ele será obrigado a pedir trocados e esmolas nos faróis e muitas vezes por não terem condição entrarem para o mundo do crime.")

Isso sim eu sou contra. Existem MILHARES de pessoas dispostas a arcar com todas as despesas médicas até o nascimento. Dizer que teve um filho e ele pede esmola na rua, é o mesmo que dizer que abortou pq usou o remédio abortivo como método contraceptivo.

Isso sim eu condeno e acho um absurdo.

Trabalho todos os dias com situações de aborto e de adoção, e acho que tudo tem um limite, conheço mulheres que chegaram a abortar 2 ou 3 vezes, errar 3 vezes e dizer que faz parte do 1% dos métodos contraceptivos é hipocrisia demais.

Se alguém aqui tiver usado contraceptivo 3 vezes ou 2, e não funcionou, literalmente não sei o que vc está fazendo parada ai, qualquer jornal, revista, noticiário paga por vc ser o cúmulo do azar do maldito 1% de métodos contraceptivos.

Seja no mínimo mulher suficiente pra dizer que errou sim, que não tomou precaução e que agora está grávida e não pode ou não quer ter um filho agora. Basta pra que eu seja a favor desse aborto, e inclusive ajude a realizalo. Mais errar uma vez, tudo bem... Errar duas vezes no mesmo erro... é burrice. Ai seja mulher o suficiente para dar o bebê a adoção. Dizer que não tem condiçoes de criar e manter um filho a seu lado é novamente só pensar e si própria.

Sou a favor da legalização do aborto até 8 semanas, mesmo assim, temo o julgamento do único Juíz, aquele a muitos chamam de Deus, Buda, ou como queiram.

Não de sorte pro azar. E se a menstruação atrasou corra pro laboratório! Pq uma semana de gestação é MUITO tempo. Seja rápida, e o peso na consciência tb será menor.. proporcional as semanas de gestação.

Vejo isso todos os dias.

Ps: Não tenho conta no google terei que postar como Anônima,
A quem deseje saber quem sou, meu nome é Luciana meu contato é linharesluciana @ hotmail.com

Paz a todos!

Beijos, Luciana

17 de abril de 2010 11:31

Anônimo disse...

Parabéns por esse espaço, onde é possivel romper o silêncio, e debater o assunto.

Jéssi disse...

Parabéns pelo espaço, muito bom.

Anônimo disse...

As pessoas que professam ser totalmente contra o aborto e o taxam como um ato monstruoso se julgam acima do bem e do mal. Isso pq nunca se viram numa situação desesperadora de uma gravidez indesejada em condições totalmente adversas. O ser humano é assim, um dia está condenando alguém por determinado ato, mas amanhã acaba passando pela mesma situação e acaba tendo a mesma atitude condenada anteriormente. Eu falo isso por experiência própria, pois qdo eu era virgem dava palestras anti aborto na universidade, condenando a prática e desencorajando as pessoas a fazê-lo. Porém, agora 10 anos depois venho aqui contar que fiz um aborto recentemente. Engravidei do meu namorado e não estou aqui pra dar justificativas do pq eu fiz. Creio que esse é um problema meu. Mas o que me encoraja a relatar a minha experiência é fato do total desemparo pelo qual as mulheres que abortam sofrem. Vivemos numa sociedade onde a hipocrisia impera, por isso quem passa por essa experiência acaba se sentindo totalmente sozinha e desesperada. Eu sofro calada, em silencio, pois é um luto não reconhecido pela sociedade. Ngm procura uma clínica de aborto por prazer, por vaidade, como alguém que vai numa clínica de estética. Quem procura uma lugar sombrio destes é pq não enxergou outra alternativa e se encontra em estado de completo desespero. As pessoas falam em Deus, pq Deus vai condenar, Deus não permite que uma vida seja tirada. Essa alienação da religião é uma das causas de tanta hipocrisia. Quem somos nós pra saber o Deus pensa? Somos tão prepotentes a ponto de pensar que sabemos o que se passa na cabeça Dele? O meu Deus não julga, não condena e sim acolhe o oprimido. Devemos parar de pensar que somos donos da verdade ao falar em nome de Deus e devemos ser mais humanos e bondosos com o nosso próximo.