28 de setembro - dia pela Descriminalização do Aborto na América Latina e Caribe





Em 2007 decidimos escrever um jornal e divulga-lo tanto de maneira impressa como também através do nosso blog.  Escrevemos um jornal com um tema específico e com uma das mais antigas bandeiras das feministas brasileiras: ABORTO, pois para nosso grupo o aborto é um tema que tem que ser visto por muitos olhares. Há a constatação de esse ser um dos principais motivos de mortalidade materna, principalmente para aquelas que encontram em seu caminho a necessidade de utilizar as mais agressivas armas para interromper uma gravidez indesejável, levando, em muitos casos, ao óbito dessas mulheres. Por ser o aborto um crime no estado brasileiro por isso tem sido uma das principais barreiras para que as mulheres possam escolher sobre seus corpos, sem o véu moral e religioso.

Recentemente dois renomados investigadores brasileiros receberam o prêmio Fred L. Soper de Excelência em Literatura sobre Saúde Pública[1], pelo artigo acadêmico intitulado: “Aborto no Brasil: uma pesquisa domiciliar com técnica de urna”[2], que vem a ser uma evidência científica significativa para que a questão do aborto saia da clandestinidade e se torne uma questão de saúde pública. Este estudo descobriu que uma em cada cinco mulheres brasileiras realiza pelo menos um aborto até os 40 anos e essas mulheres são comuns, ou seja, pertencem a todas as classes sociais, muitas são casadas e praticantes de alguma religião. Esse importante estudo aponta para a necessidade de termos um debate amplo, sem que as lentes morais das igrejas e dos grupos religiosos se imponham e ditem as regras no estado brasileiro, um Estado Laico que deve ser gerido e ter suas leis a partir de constatações como essas, em que grande parte das mulheres brasileiras realizarão um aborto em sua idade reprodutiva, portanto cabe ao estado assegurar que nós mulheres possamos realizar a interrupção de uma gravidez indesejável sem que necessitemos buscar meios sombrios e altamente perigosos para fazer valer nossa vontade e direito de escolha.

Assinalamos ainda que essa questão nos toma diariamente as caixas de e-mail, onde muitas mulheres e homens nos escrevem buscando ajuda, conselhos, dicas de onde realizar um abortamento de maneira segura. Anteriormente as pessoas que nos buscavam para ter mais informações e compartilhar suas angústias o faziam de forma anônima, afinal no Brasil a prática do aborto é crime, porém nesse último ano essas mulheres e homens desesperados na busca de uma solução para esse problema não mais o fazem de maneira anônima, dão seus nomes, contatos, telefones, o que nos faz pensar em como melhor esclarecer e ajudar essas pessoas. O aborto ainda ser crime no Brasil nos deixa de mãos atadas diante dessas situações, nos restando apenas indicar outros sites para que ali essas pessoas possam encontrar respostas que ainda não podemos dar.

Portanto, nossa luta tem que ser diária para que mulheres e homens possam decidir sobre suas vidas e PARA QUE AS MULHERES TENHAM O DIREITO SOBERANO DE ESCOLHEREM O QUE FAZER COM SEUS CORPOS! Para que as mulheres possam escolher o momento certo para serem ou não mães e esse direito tem que ser uma prioridade de um Estado que tem que ser regido pelas leis das pessoas, e não pela lei da moral religiosa que impera e reprime diariamente as mulheres e para que estas possam ser donas de suas próprias vidas.


“EDUCAÇÃO SEXUAL PARA DECIDIR; ANTICONCEPCIONAIS PARA NÃO ENGRAVIDAR; ABORTO LEGAL E SEGURO PARA NÃO MORRER!”

                                                  Arte: Abortion, Paula Rego



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