Mãenifesto

Segue o manifesto que acompanha a Exposição de fotos sobre "Mães" Universitárias.

O texto é um alerta sobre a importância da Assistência Estudantil para mães e pais enquanto estudantes universitários. Uma crítica à postura radical da universidade em tratar seus alunos como meras máquinas científicas.
Somos estudantes e fazemos parte de uma lógica comum: estudar, nos formar, casar, constituir uma família e sermos felizes para sempre!... Entretanto, as entrelinhas não estão expostas.

Ser mãe, ou pai, enquanto universitário é algo que a Universidade não poderia prever, visto que, a taxa de natalidade não aumenta apenas na periferia, como muitos afirmam. E que, por isso, instituições como essas não estão preparadas, suficientemente, para garantir uma assistência estudantil mínima aos alunos que se encontram em casos específicos, como este.

Para agravar ainda mais a situação, neste ano, os estudantes que têm filhos com 7 anos ou mais não puderam participar do processo seletivo para os estúdios da Moradia Estudantil. Os argumentos para justificar tamanho absurdo ainda não estão claros, mas não pudemos pensar em nada que justifique tanto descaso e que contradiga os preceitos de defesa da vida, agora não só da mãe ou pai, mas também do filho, o filho que eles escolheram ter e criar, seguindo todos os padrões de normalidade. Os boatos são grandes e o SAE (Serviço de Apoio ao Estudante) não nos explica com clareza.

Ouvimos, por aí, que a Moradia não é um lugar seguro para uma criança. Ficamos a imaginar o número de marginais que habita este lugar...

Se nos apoiarmos em vitórias anteriores do movimento estudantil para discutirmos sobre assistência estudantil, vemos que muito já foi ganho. Há menos de dez anos, por exemplo, uma mãe solteira não tinha direito a um estúdio. Apenas os casais que eram casados (regularizados em cartório) tinham direito a eles. Na carta de aceite do CNPq, por exemplo, os estudantes deveriam assinar um termo dizendo que, enquanto pesquisadores, na vigência da bolsa, não poderiam ter filhos.

Muita coisa mudou. Muitas lutas foram vitoriosas. E se hoje temos um processo mais democrático, devemos isto aos estudantes que lutaram por essas conquistas. Entretanto, acreditar que tudo vai bem e que não devemos lutar por novas medidas que sejam ainda mais democráticas é deixar de lado o que acontece aos estudantes que necessitam de um apoio de fato.Somos levados a pensar que tanto a Unicamp, como todas as universidades brasileiras não garantem uma Assistência Estudantil real para que seus alunos possam concluir seus estudos, sejam eles mães, pais ou aqueles que necessitam de auxílio básico, por não terem recursos para tanto. , O pressuposto é uma visão distorcida e distante da realidade em que nos encontramos: que alunos não são pais e nem deve sê-lo! E se o são, não é problema destas Instituições!

Perguntamos: O aluno-pesquisador deve se abster da vida e de seus direitos de cidadania em razão da carreira acadêmica? Até quando conseguiremos realizar o sonho destas grandes Universidades em nos tornar máquinas científicas?

Estamos em um lugar que preza o desenvolvimento da ciência. Mas, afinal, quem desenvolve a ciência senão as pessoas?

Exposição: “Mães” Universitárias
Local: Prédio Básico (PB) - Unicamp - de 11 à 15 de maio
Texto: Larissa Lisboa, André Malavazzi e Mariana Santos de Assis.
Fotos: André Malavazzi e Larissa Lisboa

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